O Instituto iungo é finalista no Reimagine Education Awards, premiação internacional que reconhece iniciativas inovadoras na educação, que contribuam para uma aprendizagem eficaz e promovam ações voltadas para a sustentabilidade. Mais de 1.300 projetos da área educacional foram avaliados, inscritos em 18 categorias. O iungo está entre os 25% selecionados que propiciam inovação e impacto social.
O Instituto foi reconhecido pelo programa Itinerários Amazônicos, iniciativa que busca levar a complexidade ambiental, social, histórica, cultural e econômica da Amazônia, para as salas de aula do Brasil. Com ênfase na formação de professores e no desenvolvimento de materiais pedagógicos, de forma colaborativa com as secretarias estaduais de educação, a iniciativa contribui para que professores e estudantes se percebam como agentes de transformação de suas realidades, rumo à sustentabilidade e com equidade. O programa concorre na categoria ‘Ação em Educação para a Sustentabilidade’. A premiação será realizada entre os dias 09 e 11 de dezembro, em Londres.
Segundo Paulo Andrade, presidente do Instituto iungo, o Itinerários Amazônicos “pertence aos jovens e educadores amazônidas, às equipes gestoras das escolas e aos formadores das redes de ensino. O programa é uma resposta à necessidade de agir, com urgência, para enfrentar os desafios em relação às questões climáticas, desigualdades, à promoção da vida e educação das diversas populações do planeta”, afirma.
Considerado o “Oscar” da educação, o Reimagine Education Awards é a maior premiação mundial em educação. O evento reúne educadores, professores, formuladores de políticas públicas e demais setores da sociedade que pensam em ações transformadoras para o campo. Esta será a 11ª edição, que segue com o propósito de dar visibilidade a projetos que proporcionam uma aprendizagem mais significativa, com impacto local e global.
Itinerários Amazônicos – povoar as escolas brasileiras de Amazônia
O Itinerários Amazônicos oferece formação de professores e conteúdos baseados em temas amazônicos para o Ensino Médio, produzidos em colaboração com jovens, educadores, especialistas e redes de ensino da Amazônia Legal. Implementado desde 2023, é realizado pelo Instituto iungo, Reúna e Uma Concertação pela Amazônia, em parceria com o BNDES, Fundo de Sustentabilidade Hydro, Instituto Arapyaú, Movimento Bem Maior e patrocinado pela Vale.
O programa é customizado de acordo com as demandas de cada uma das oito secretarias de Educação parceiras do programa: do Acre, do Amapá, do Amazonas, do Maranhão, do Mato Grosso, do Pará, de Roraima e do Tocantins. Considerando os estados parceiros, o programa tem um potencial de impacto significativo, podendo alcançar mais de 3.300 escolas, 56 mil professores e mais de 1 milhão de estudantes. Ao longo de 2023, mais de 25 mil professores das redes de ensino da Amazônia Legal foram alcançados pela formação dos Itinerários Amazônicos. No Pará, quase 9 mil educadores foram impactados. Somente no primeiro semestre de 2024, cerca de 15 mil professores participaram das formações do programa.
Manoel Ramos, professor de Filosofia em Belém, desenvolveu o projeto “Combatendo as fake news na construção de uma sociedade sustentável”, a partir da formação com os Itinerários Amazônicos. Segundo Ramos, existe a necessidade de implementar valores de sustentabilidade entre as gerações contemporâneas, pensando nas futuras. “Essa parceria formada entre a Seduc-PA (Secretaria de Educação do Pará), com a implementação do documento curricular do estado do Pará e o Instituto iungo, tem sido fundamental para que a gente possa implementar essa escola tão sonhada, essa escola transformadora”, diz.
A professora Patrícia Helena Pereira, da Escola Estadual Salomão Matos, em Marajó (PA), fez a formação e trabalha com os Itinerários Amazônicos junto com outros seis professores da escola. Ela também ressalta que o reconhecimento como amazônida e a valorização por meio do pertencimento são um diferencial do programa. “Num primeiro momento, os estudantes acreditam que vamos falar do meio ambiente, entendido como as plantas ou a floresta lá no estado do Amazonas. Muitos entendem ainda a Amazônia como só o estado do Amazonas, inclusive porque aqui em Marajó temos uma vegetação e características geográficas específicas. Para eles, o encontro com os Itinerários Amazônicos trouxe coisas muito novas. É importantíssimo trabalhar com eles toda essa questão sociocultural, além da ambiental. Meio ambiente é o povo e a cultura também. Eles demonstraram muito interesse quando a gente abordou a questão dos resíduos sólidos, do uso e gestão da água, da bioeconomia e de outras possibilidades. Eu senti uma boa receptividade da grande maioria dos alunos!”, revela Patrícia.
O programa também foi reconhecido como uma das cinco práticas exemplares no mundo, em relatório feito pelo Dr. Phil Lambert para a UNESCO, sobre Educação sobre Mudanças Climáticas. Lambert é professor da Universidade de Sydney, da Universidade Normal de Nanjing e um dos maiores especialistas em currículo no mundo. Na visão de Dr. Lambert, “os Itinerários Amazônicos são um exemplo de boa prática, tanto em relação ao diálogo proposto com o contexto local – desde a construção do documento até o tipo de conteúdo e atividades propostas – quanto aos recursos e esforços dirigidos à formação de professores com foco em metodologias ativas e no desenvolvimento de competências e habilidades para a ação efetiva.”
Educação Ambiental
A relevância e a qualidade do programa fez com que o iungo fosse convidado a participar da elaboração do componente curricular sobre Educação Ambiental que integra a Política de Educação para o Meio Ambiente, Sustentabilidade e Clima do governo do estado do Pará. Essa política traz a educação ambiental como parte da formação escolar dos estudantes durante toda a Educação Básica da rede estadual de educação paraense.
A colaboração entre o Instituto iungo e a Secretaria de Estado de Educação do Pará prevê a produção de materiais pedagógicos para os professores e estudantes dos Anos Finais do Ensino Fundamental, trabalho desenvolvido em parceria com a Porticus, organização filantrópica internacional, que investe em programas da área de educação, nas perspectivas de sustentabilidade e justiça social e parceria institucional da rede Uma Concertação para a Amazônia. Para o Ensino Médio, a produção é articulada com o programa Itinerários Amazônicos, com o conteúdo de educação ambiental dialogando diretamente com as premissas do programa.
Os resultados dessa parceria já podem ser mensurados. De janeiro a setembro, foram mais de 10 mil educadores alcançados em 55 ações formativas e para levar o componente para a sala de aula. A produção dos materiais envolve 65 profissionais, entre redatores, editores, especialistas e gestores, sendo 18 representantes da secretaria de educação do Pará.