Um sonho de adolescente, realidade no presente!

Na década de 1990, assisti a uma palestra na escola que estudava e isso direcionou meu projeto de vida profissional: contribuir na construção de uma escola do século 21

Eu tinha apenas 14 anos quando, no auditório da escola em que estudava, aconteceu uma palestra sobre o que seria importante para a educação no século 21, que estava prestes a chegar. O palestrante era o pedagogo mineiro Antonio Carlos Gomes da Costa, um dos responsáveis pela construção do Estatuto da Criança e do Adolescente e que tantas contribuições deu à educação brasileira.

Homem branco, de óculos, cabelos grisalhos, sentado em um sofá verde. De blazer e camisa clara, calça escura. Ao lado, homem branco, calvo, com microfone nas mãos, blazer e camisa escura e calça bege.
Paulo Andrade (à esq.) e Bernardo Toro

Em determinado momento, o palestrante mencionou as ideias e a visão de educação de um outro educador, o professor colombiano José Bernardo Toro. Disse que uma inspiração importante para as escolas, professores e famílias eram os tais “códigos da modernidade”. Prestei muita atenção para entender do que se tratava.

Para que as novas gerações possam ter uma participação efetiva em seu meio, é preciso garantir condições para que elas desenvolvam um conjunto de 7 capacidades: domínio da leitura e da escrita; fazer cálculos e resolver problemas; analisar, sintetizar e interpretar dados, fatos e situações; compreender e atuar em seu entorno social; receber criticamente os meios de comunicação; localizar, acessar e usar melhor a informação acumulada; e planejar, trabalhar e decidir em grupo.

É verdade que poderíamos atualizar essa lista, 30 anos depois, considerando as tantas transformações pelas quais o mundo passou. Mas é também verdade que os códigos da modernidade propostos por Toro continuam relevantes. Não podemos admitir que um jovem brasileiro saia da escola sem domínio da leitura e da escrita, sem conseguir resolver problemas ou compreender o contexto em que vive e ser capaz de agir nesse contexto. Da mesma forma, precisamos avançar muito na preparação das crianças e jovens no que se refere à interação com as diversas mídias.

Homem branco, calvo, de blazer e camisa escura, calça bege e microfone nas mãos. Sentado em poltrona verde.
Bernardo Toro, filósofo e educador colombiano

Na última semana, realizei um sonho de adolescente: conheci, pessoalmente, José Bernardo Toro. Ele visitou o Instituto iungo e nos presenteou com uma conversa sobre educação e  a  importância do trabalho dos professores. Foi emocionante perceber que, tanto tempo depois, eu sigo aprendendo com esse grande mestre! Temos, ainda, um sonho em comum a realizar: ver os professores valorizados e a escola promovendo o desenvolvimento integral de todos os seus estudantes. Seguimos construindo esse sonho junto com os mais de 2 milhões de professores do Brasil.

*Este artigo foi originalmente publicado no portal da Rádio Itatiaia, na coluna fixa de Paulo Emílio de Castro Andrade. Paulo é presidente do Instituto iungo, professor da PUC Minas e pesquisador do Núcleo de Novas Arquiteturas Pedagógicas da USP.

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