Conheça a história da educadora e parlamentar pioneira que criou o Dia dos Professores
Antonieta de Barros nasceu em Desterro, nome da localidade que viria a ser Florianópolis (SC), em 11/07/1901. A mãe, Catarina, havia sido escravizada. Liberta, sustentava os três filhos como lavadeira. Na casa de um dos clientes da mãe, Antonieta desenvolveu interesse pelos livros e conseguiu apoio para ser alfabetizada.
Em 1917, cursava a Escola Normal Catarinense. Antes de completar 20 anos, fundou o “Curso Particular de Alfabetização Antonieta de Barros”. Com a crença de que a educação tem um poder de libertação revolucionário, manteve a instituição até o ano de sua morte, em 1952.
Antonieta consolidou rapidamente uma reputação de excelente profissional, tendo sido contratada para lecionar em colégios considerados “de elite” à época, rompendo barreiras de raça, gênero e classe.
Com o desejo de mobilizar mais pessoas na defesa pela educação como direito de todos, fundou o jornal “A semana” em 1926 e tornou-se a primeira mulher cronista do estado de Santa Catarina. Sob o pseudônimo de Maria da Ilha, tornou-se colaboradora de vários jornais.
Em 1934, foi eleita deputada estadual em Santa Catarina, na primeira eleição realizada após as mulheres brasileiras terem conquistado o direito de votar. Foi uma das três primeiras mulheres eleitas no Brasil e a primeira mulher negra.
Em 1937, com a implantação do Estado Novo, foi destituída do cargo de deputada. Neste mesmo ano, publicou o livro “Farrapos de Ideias”. Os recursos provenientes da venda foram utilizados na construção de uma escola para abrigar crianças cujos pais estavam internados em colônia para tratamento de hanseníase.
Em 1947, foi eleita novamente e propôs a lei que criou o Dia dos Professores, escolhendo como data o dia da sanção, por D. Pedro I, da primeira grande lei educacional do Brasil (15/10/1827), já comemorada informalmente. O projeto foi aprovado e tornou-se a Lei Estadual 145, em 12 de outubro de 1948.
Antonieta foi responsável ainda por leis para concessão de bolsas de estudo para cursos superiores para alunos carentes e concursos para o magistério, almejando o desenvolvimento do ensino público. Em 1963, 11 anos após sua morte por complicações de diabetes, o Dia dos Professores tornou-se oficial em todo o país.
A frase acima foi escrita por Antonieta em seu livro "Farrapo de Ideias" — um registro importante de uma história constantemente apagada.
O Dia dos Professores é, no Brasil, resultado da luta de uma mulher negra pela liberdade, igualdade e acesso à educação. Antonieta de Barros estabeleceu um marco para que os educadores passassem a ser vistos como agentes de transformação na sociedade.
Fontes de informação e fotos: - Conselho Estadual de Educação de Santa Catarina - Assembleia Legislativa de Santa Catarina - Memorial e Museu Antonieta de Barros - Universidade do Estado de Santa Catarina - Arquivo Nacional