Educação para a Sustentabilidade

As mudanças climáticas são visíveis até mesmo para quem não quer ver. Portanto, se a educação ambiental sempre foi necessidade, agora a urgência é maior, é preciso educar para a sustentabilidade.

por Alcielle dos Santos*

Fazendo um caminho já habitual nesta nossa coluna, vou voltar aos meus tempos de aluna, com uma pergunta para a minha memória: o que eu aprendi sobre meio ambiente? Além do ciclo da água e da cadeia alimentar, minhas lembranças trazem apenas informações muito simples sobre os biomas brasileiros: Mata Atlântica, Cerrado, Amazônia, Caatinga, Pampa e Pantanal. Desses nomes, guardei as imagens de uma floresta bem fechada em relação à Amazônia, de um solo seco, rachado, em relação à caatinga e a paisagem da Serra do Mar para a Mata Atlântica, afinal moro na cidade de Santos e este é um caminho muitas vezes percorrido para chegar a São Paulo, capital. Como professora, fui convidada para compor atividades com colegas professores de Ciências que explicavam métodos de reciclagem, reaproveitamento, dentre outros, muito ligados à organização do lixo que produzimos, sem discutir como as cidades, as indústrias, os países, têm responsabilidade sobre esta questão de forma bem maior.

A esta altura, você deve estar fazendo o mesmo caminho que eu fiz e talvez tenha lembrado de mais uma ou duas coisas das aulas, mas certamente, a geração que hoje tem entre 30 e 70 anos, não vivenciou na escola um alerta: somos parte do ecossistema do planeta e tudo que fizermos por aqui, impactará a todos. Isso não fica claro, pois somos educados a estudar e ter um bom emprego para viver bem, mas não aprendemos que, mais do que poder consumir, viver bem pressupõe ter um meio ambiente saudável para que tenhamos qualidade de vida. Educar para a sustentabilidade é urgente, precisamos aumentar o número de pessoas que fazem compostagem em casa, que levam sacola para o supermercado ao invés de usar dezenas de sacolinhas, que consomem alimentos naturais no lugar de ultraprocessados. Precisamos discutir em que áreas podemos crescer, ou seja, onde podemos investir mais recursos e onde devemos parar de crescer para manter as praias, rios, florestas, enfim, todo o sistema equilibrado e conservado. Estas ações requerem esforços de governos, empresas e toda a sociedade, a exemplo do que foi feito em documentos globais como a Agenda 2030 da ONU que muitas redes de ensino têm incluído em seus currículos, com alguns ODS – Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.

Logo, educar para a sustentabilidade é apresentar ao aluno, os biomas, como a Amazônia, como parte de sua identidade pessoal, nacional, existencial. Portanto, é incluir no currículo das escolas brasileiras, discussões sobre conservação e desenvolvimento sustentável, ou seja, como preservar o ecossistema para que nossa existência no planeta seja possível com condições plenas de saúde e qualidade de vida.

A escola que educa para a sustentabilidade é democrática, pois tem espaços de discussão dos problemas ambientais dos territórios onde vivem os estudantes e os apoia para que seus projetos de vida incluam essas questões ao pensarem suas vidas nas dimensões pessoal, social e profissional de forma ampla.

*Este artigo foi originalmente publicado no portal da Rádio Itatiaia, na coluna fixa de Alcielle dos Santos. Alcielle é diretora de educação do Instituto iungo, doutora em Psicologia da Educação e mestre em Educação: Formação de Formadores.

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