Muitos caminhos para aprender

Uma boa aula tradicional tem muito valor. Mas há diversos modos de aprender, que precisam ser experimentados na escola, especialmente aqueles que mobilizam a participação ativa dos estudantes.

por Paulo Emílio Andrade*

Feche os olhos e imagine uma sala de aula. Como ela é? Onde ficam posicionados a professora e os alunos? Que móveis e equipamentos há nesse espaço? Que situações acontecem ali? Não há um único “modelo” de sala de aula, ainda mais em um país tão diverso como o nosso. Mas existe uma tendência de o espaço, os modos de aprender e as relações que acontecem na escola seguirem um mesmo padrão. Professora apresentando conteúdos e fazendo registros no quadro (também conhecido como lousa, em diversas partes do Brasil), alunos em suas mesas e cadeiras prestando atenção na professora, anotando os conhecimentos em seus cadernos e realizando exercícios no livro didático. Provavelmente, você viveu situações como essa na escola.

Você pode estar se perguntando: está errado a professora “explicar as matérias” na frente da sala enquanto os alunos anotam o conteúdo em seus cadernos? Claro que não, tanto que eu, você e milhões de pessoas aprendemos muito dessa forma, na escola. Mas devo lembrar que esse não é o único modo de promover aprendizagem, ainda mais se queremos que a sala de aula e toda a escola seja ambiente que favorece o desenvolvimento integral das crianças, adolescentes e jovens. O que quero dizer é que é importante mesclar situações diferentes, que mobilizem os alunos para participar mais ativamente da construção do conhecimento e que promovam seu desenvolvimento emocional, social, cultural, físico e claro, o cognitivo, ligado ao conhecimento.

Portanto, como uma sala de aula pode ser, então? São muitas as possibilidades que professores têm experimentado em várias partes do país. Um bom exemplo é o trabalho realizado pela professora Janaína Pessoa junto aos alunos do 4° ano do Ensino Fundamental, em uma escola de Belo Horizonte. Eles criaram uma Agência Jovem de Notícias, que produz conteúdos em vídeo e são veiculados na escola. Os estudantes aprendem na prática sobre as várias funções que permeiam o trabalho jornalístico, adotando um olhar crítico sobre os processos de produção das notícias, investigando fatos, dados e situações, conectando informações que já sabiam com aquelas que estão aprendendo, realizando entrevistas com os colegas, professores, familiares e outros integrantes da comunidade escolar e construindo produtos comunicacionais que são publicados.

Assim, descobrem que é possível aprender com a mão na massa, participando ativamente das aulas. Esse tipo de metodologia demanda dos alunos muito esforço, diálogo, integração, busca pelo conhecimento, resiliência. Estimula que eles aprendam a resolver problemas, a pensar criticamente, a se comunicar, a cooperar entre si e a praticar a criatividade. E você? Que modos de aprender você vivenciou quando estava na escola?

*Este artigo foi originalmente publicado no portal da Rádio Itatiaia, na coluna fixa de Paulo Emílio de Castro Andrade. Paulo Andrade é presidente do Instituto iungo, doutor e mestre em Educação, professor da PUC Minas e pesquisador do Núcleo de Novas Arquiteturas Pedagógicas da USP.

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