“Meus alunos se revelaram nessa experiência e assumiram uma postura que é tão característica da nossa terra: o protagonismo, a resistência, a resiliência. Como geógrafa e mestre em Ciências Ambientais, avalio que foi um grande salto ter a educação ambiental tanto como elemento transversal, quanto como em um componente específico no currículo. As formações e materiais pedagógicos trazem conceitos para discussão e propostas metodológicas que apoiam o trabalho que nós, professores que estão na cadeira da Educação Ambiental, desenvolvemos em sala de aula, ao mesmo tempo, em que potencializam nossa autonomia, reconhecem nossa importância e capacidade”. Esse relato é de Sabrina Forte, professora de geografia e educação ambiental da Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Benjamin Constant, no bairro do Reduto, em Belém.
Nas unidades da rede estadual visitadas durante a missão da equipe do Instituto iungo e parceiros na região metropolitana da capital paraense, o objetivo foi realizar uma escuta das práticas de educadores e das experiências de estudantes com a educação ambiental. As escolas Estaduais Mário Barbosa, Benjamin Constant, Frei Daniel e Erotildes Frota Aguiar, além do território quilombola do Abacatal, na zona rural de Ananindeua, segundo município mais populoso do Pará, apresentaram vivências que refletem a sociodiversidade do estado, as expectativas, os desafios e as necessidades para o trabalho com o novo componente.
Inspiração para materiais de educação para o meio ambiente, sustentabilidade e clima
Entender as experiências, metodologias e práticas em andamento nas salas de aula contribui para uma sequência de novos materiais que estão em elaboração. “Saímos daqui cheios de inspiração e informações riquíssimas que vão auxiliar o grupo de aproximadamente 60 pessoas, sendo 18 profissionais paraenses, responsável pela construção dos cadernos utilizados por professores e estudantes dos anos finais do Ensino Fundamental e do Ensino Médio”, detalha Samuel Andrade.
Na construção de um caminho para uma educação ambiental que mobiliza e transforma comunidades escolares, cabe muita diversidade. Reflexões a partir das obras de autores amazônidas e da observação crítica do caminho percorrido até a escola, produção de histórias em quadrinhos e apresentações teatrais com participação da comunidade, limpeza das margens de rios, desenvolvimento de ecojoias e brinquedos a partir da reutilização e reciclagem de materiais, mediação de conflitos, interculturalidade e ancestralidade: esses são apenas alguns dos temas trabalhados por professores e alunos do Pará em atividades promovidas no contexto do novo componente curricular.
Conexão de saberes para iniciativa educacional pioneira no Pará
A missão foi, assim, uma oportunidade para catalisar a conexão entre os saberes das comunidades escolares, da rede estadual de ensino e dos parceiros. “Para nós, como parceiros estratégicos, é sempre importante atuar em rede, porque entendemos que essa conexão é que gera uma mudança sistêmica e colaborativa de mentalidades e práticas. É um trabalho coordenado, sensível, e que não vem de cima para baixo”, celebra o gerente sênior de programas de educação para a América Latina da Porticus, Luis Felipe Serrao.
Para Joana Braga, produtora executiva da rede Uma Concertação pela Amazônia, os frutos do trabalho colaborativo também ficaram evidentes. “Acompanhar esse trabalho junto com o iungo aqui no Pará tem sido muito interessante, estamos vendo, na prática, a efetividade da construção colaborativa com professores, alunos, equipe da Seduc-PA. Isso comprova que o trabalho em rede, que é a forma de a Concertação trabalhar, resulta em transformações duradouras”, definiu. “É muito importante, para nós, compor esse grupo com instituições diversas, nessa união de esforços para a implementação da Política de Educação Ambiental, Sustentabilidade e Clima do Pará. Nossa experiência mostra que é no fortalecimento de políticas públicas que os projetos geram impacto”, considerou Andreia Prestes, especialista em Educação da Fundação Vale.
“Tenho certeza de que esse trabalho conjunto com o Pará já é uma referência para todo o país e um exemplo de inovação para as escolas brasileiras, que vai gerar ensinamentos para outros territórios. A missão contribuiu para o fortalecimento da parceria com a Seduc-PA, da articulação com os parceiros e da aprendizagem contínua com os educadores paraenses”, concluiu Joana Rennó, diretora de Estratégia e Implementação do Instituto iungo.
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