por Paulo Emílio de Castro Andrade*
Quando você vai a um estádio de futebol, sabe bem o que deseja: torcer pelo seu time, ver boas jogadas, comemorar gols e sair vitorioso. E o que se espera quando se vai à escola?
Antigamente boa parte das pessoas iam para escola com uma intenção comum: construir um conjunto de conhecimentos importantes – aprender a escrever, a ler, a fazer cálculos, aprender sobre a natureza e a sociedade, por exemplo. Afinal, esses saberes seriam importantes para elas no futuro.
Esses e tantos outros conhecimentos continuam sendo essenciais para as crianças e adolescentes de hoje em dia, mas já não são suficientes. A escola, lugar por onde todas as pessoas têm o direito de passar, foi se transformando ao longo do tempo. Nela, desejamos que os estudantes aprendam a conviver respeitosamente, a se expressar, a se posicionar, a dialogar, a argumentar. Que eles aprendam a investigar (que é muito mais que fazer uma busca de informação no Google) e a utilizar o conhecimento para produzir novos conhecimentos, para resolver problemas da própria vida, mas também os desafios do lugar onde se vive – a escola, o bairro, a cidade, o mundo.
Antes, se falava da escola como um ambiente que prepara as pessoas para o futuro, mas precisamos considerar que as crianças e os adolescentes existem no presente. A infância e a adolescência têm um sentido e uma importância em si mesmas. São 47 milhões de brasileiros indo para a escola 200 dias por ano. Lá, aprendem a viver, vivendo.
Tudo isso está relacionado com algo essencial sobre o papel da escola: possibilitar que os estudantes construam seus projetos de vida. Levá-los a aprender sobre quem são, sobre onde vivem e como querem viver no presente e no futuro. Aprender a fazer escolhas baseadas no que é valor para eles e para a sociedade. A moldar o próprio futuro e a interagir com o mundo que virá. Então, é essencial a gente ter uma escola de muita qualidade hoje, que leve em conta os estudantes como parte da sociedade no presente e também como semente do seu futuro.
E como fazer para garantir a escola de qualidade, que responde ao nosso tempo, para todos os estudantes? Não existe uma só resposta, mas é importante refletir e dialogar, para participar das soluções, que demandam um esforço conjunto. É a proposta da minha coluna, que escrevo no portal da Itatiaia. Vamos conversar sobre educação?
*Este artigo foi originalmente publicado no portal da Rádio Itatiaia, na coluna fixa de Paulo Emílio de Castro Andrade. Paulo é presidente do Instituto iungo, professor da PUC Minas e pesquisador do Núcleo de Novas Arquiteturas Pedagógicas da USP.