Diálogos que transformam: segunda edição aborda o profissional contemporâneo diante de um mundo em constante mudança

Especialistas em desenvolvimento humano e da educação falaram da importância de competências técnicas e dos valores no mercado de trabalho

A segunda edição da série Diálogos que transformam reuniu lideranças do Instituto iungo e especialistas de organizações parceiras para falar sobre o bom profissional no mundo contemporâneo. O tema da vez foi ‘Desenvolvimento profissional para um mundo em transformação: quando os valores encontram a prática.’

Convidados no evento realizado na sede da MRV.
(Da esq. p/ direita) Paulo Andrade, Joana Rennó, Thaís Lemos e Marcos Horta. Créditos: Acervo iungo

O evento reforça um dos principais valores do iungo, que é atuar em colaboração, considerando as diferentes visões de mundo, de pessoas e organizações que são referência em suas áreas, para transformar a educação no Brasil .

Com mediação de Joana Rennó, diretora de Estratégia e Implementação do iungo, o debate contou com a presença de: Thaís Lemos, diretora de People & Culture na Inter&Co, psicóloga de formação, com MBA pela PUC Minas e especialização em RH pela Michigan Ross.

Marcos Horta, diretor de Desenvolvimento Humano da MRV&CO, com mais de trinta anos de experiência nas áreas de Finanças, Administração e RH. É Mestre em Administração (FEAD), Executive MBA (FDC), graduado em Administração pela PUC-MG, com especialização na Harvard Business School.

Paulo Andrade, presidente do Instituto iungo. É Doutor em Educação pela Faculdade de Educação da USP e Mestre em Educação pela Faculdade de Educação da UFMG. É pesquisador do Núcleo de Novas Arquiteturas Pedagógicas da USP e autor de livros e materiais pedagógicos.

Pesquisa de doutorado ouviu professores

Esta segunda edição foi inspirada na tese de doutorado de Paulo Andrade, que ouviu mais de 280 educadores de todo o Brasil sobre o que é ser um bom professor. Os resultados da pesquisa revelam as características mais citadas pelos docentes brasileiros, e podem fazer a diferença em qualquer profissão. São elas:

Paulo sentado em uma poltrona no espaço Conexão.
Paulo Andrade, presidente do Instituto iungo. Crédito: Acervo iungo

A excelência: investimento em formação continuada, inovação nos processos pedagógicos, domínio da sua área de conhecimento, reconhecimento da importância do trabalho colaborativo;

a ética: responsabilidade com a docência, com os alunos e com a promoção da equidade nos processos educacionais;
o engajamento: engajamento com as atividades próprias da docência, compromisso com a aprendizagem dos estudantes, propósito pessoal e profissional;
e a empatia: escuta ativa dos alunos e estabelecimento de vínculos significativos, respeitando e valorizando as diferenças.

 

 

Valores para um mundo em transformação

Participantes no evento, na sede da MRV.
Encontro foi realizado no Espaço Conexão, na sede da MRV. Crédito: Acervo iungo

No Espaço Conexão, localizado na sede da MRV, os convidados falaram sobre os valores relevantes para o profissional na atualidade, tendo em vista a intensidade das transformações tecnológicas e das configurações de trabalho.

Mais do que conhecimentos técnicos para o exercício profissional, é cada vez mais evidente a necessidade de alinhar competências e habilidades analíticas, interpessoais, de atuação em equipe e de mediação de conflitos.

Na tese de Paulo Andrade, por exemplo, são analisadas se as características encontradas nas pesquisas de estudiosos norte-americanos sobre o bom trabalho (excelência, ética e engajamento) faziam sentido no contexto brasileiro, no âmbito da docência. Além de encontrar essas dimensões nas respostas, Paulo mapeou um outro ponto relevante para os professores: a empatia. “A empatia havia sido levantada como hipótese no estudo original norte-americano, pensando nas diversas profissões, no entanto, notaram que essa característica não se aplicava a todas as áreas. No caso da tese em solo brasileiro, a empatia foi a segunda mais notória nas respostas dos professores, atrás da excelência. Ser um professor empático é saber ouvir o estudante, saber do seu contexto, dos desejos, angústias, e também a construção de vínculos, uma vez que a escola é um espaço de interações.”, explica.

Segundo Paulo, a metodologia foi a aplicação de questões abertas para os participantes, o que demandou uma leitura minuciosa. “Os quesitos apresentados na tese se entrelaçam, estão conectados no fazer docente. Mas não quer dizer que os 4 E’s são a definição do professor ideal. A ideia é ter esses elementos como horizonte profissional, de desenvolvimento.”, afirma.

Marcos Horta, um dos participantes do encontro, sentado em uma poltrona no espaço Conexão.
Marcos Horta, um dos convidados da segunda edição do encontro. Crédito: Acervo iungo.

O diretor de Desenvolvimento Humano da MRV, Marcos Horta, também ressalta a relevância da empatia na educação e nas demais áreas. Horta foi professor em um MBA e pondera que o processo de aprendizagem não se dava apenas com a teoria, fórmulas, cálculos. “O que fazia a aprendizagem acontecer era a escuta. Compreender a experiência de cada um deles, as trocas na sala de aula. Não podia simplesmente chegar e só falar da teoria. Trazendo para o mundo corporativo, as características apontadas na tese corroboram com a cultura da MRV, nossos princípios e pilares estratégicos.”, diz.

Segundo Thaís Lemos, diretora de People & Culture na Inter&Co, os valores da cultura da empresa dialogam com os aspectos apresentados pelo presidente do iungo. “Comunicamos os valores do Inter por meio dos 4 F´s: o fazer junto; a faísca, que diz da inovação; o foco, que orienta o investimento de tempo e esforço e por fim, o feedback, como escuta e devolutiva para a equipe.”, explicou.

 

Competências tecnológicas e o futuro do trabalho

Público na segunda edição da série Diálogos que transformam.
Crédito: Acervo iungo

O relatório sobre o futuro do trabalho – 2025-2030, do Fórum Econômico Mundial, mostra que o desenvolvimento profissional contínuo será cada vez mais essencial. Aprimorar as habilidades para o uso de ferramentas digitais, processos automatizados, comunicação on-line, é uma realidade.

No entanto, as relações interpessoais e o fortalecimento de valores que se alinhem com a equidade continuam sendo primordiais para os próximos anos.

“No campo da educação, ter professores bem preparados, valorizados, com estrutura é fundamental para uma educação de qualidade e principalmente quando pensamos em Inteligência Artificial, no uso ético, responsável dessas ferramentas. O docente vai fazer a diferença inclusive em um cenário amplamente tecnológico.”, argumenta Paulo.

“Posso dizer que eu encaro a Inteligência Artificial, as novas tecnologias, como processos evolutivos da humanidade. Devemos tirar o melhor proveito desses recursos. O bom profissional deve usar disso para aprimorar suas competências, mas nada substitui o olho no olho, a conversa.”, comenta Marcos.

convidados no evento na sede da MRV
Convidados abordaram o profissional no mercado de trabalho contemporâneo. Crédito: Acervo iungo

Thaís complementa: “Diagnosticar, a meu ver, já não é mais o desafio. O desafio hoje é o que fazer com o que foi identificado e como você endereça os resultados a partir disso. Isso vem da capacidade humana: leitura de contexto, conhecimento do outro, de criar soluções.”

Qual o seu desejo para a educação brasileira?

A série Diálogos que transformam faz parte da celebração dos 5 anos do Instituto iungo – um marco simbólico representado pela imagem do abraço, que expressa nosso compromisso com o desenvolvimento profissional dos professores e com a transformação da educação no Brasil. Para fechar o evento e reafirmar a importância da construção coletiva, Thaís, Marcos e Paulo compartilharam o que desejam para a educação brasileira. Confira.

Thaís
“O meu desejo é que haja coerência nos investimentos para a educação e que possam estar alinhados com a importância de um professor para a sociedade. ”

Marcos
“Meu desejo para a educação é que a gente continue acreditando no ser humano, na sua inteligência.”

Paulo “Acredito muito em uma educação em que todos os jovens, crianças e adolescentes tenham o direito de aprender, integralmente, podendo desenvolver o cognitivo, o emocional, físico, cultural.”

A edição de estreia do Diálogos que Transformam foi realizada em abril e abordou a ‘Educação e impacto social: estratégia para o desenvolvimento sustentável’. Ao longo de 2025, teremos outros encontros com especialistas e lideranças para aprofundar o diálogo sobre temas estratégicos para o país e para o mundo.

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