Educação Integral: o que muda nas escolas?

Entenda o que significa educação integral, que é muito mais do que passar mais tempo na escola

por Alcielle dos Santos*

Como o Paulo Andrade abordou na sua coluna no portal da Itatiaia, a escola mudou muito. Não faz mais sentido pensar na educação para acumular conhecimento, pura e simplesmente. E como essa transformação acontece?

Antes de tudo, é importante entendermos o que é educação integral. É um projeto para que as pessoas se desenvolvam em várias dimensões: a intelectual (já contemplada pelas escolas); a física (focada no corpo, incluindo saúde e autocuidado, além da prática esportiva); a emocional ou afetiva (para entender as próprias emoções e se relacionar com os outros); a social (para interagir em coletivos, seja o bairro, a escola, a família ou a sociedade); e a cultural (muito além do entretenimento, envolve as diferentes formas de expressão e a nossa identidade).

Para a educação integral acontecer é preciso mais tempo, mas também é necessário pensar: o que a escola pode fazer com esse tempo a mais? Temos que repensar os espaços: a sala de aula organizada para facilitar a cooperação, não mais com carteiras enfileiradas, bibliotecas atrativas com espaços de leitura, laboratórios, áreas sociais para interagir e descansar, lugares que estimulem atividades físicas, dentre outros. Pedagogicamente ainda é preciso prever novas formas de aprender, que deem conta de todas aquelas dimensões.

E essa transformação só é possível com os professores, que têm pela frente um desafio ao mesmo tempo grande e convidativo. Grande porque a formação inicial nas universidades é muito voltada para “aprender o que ensinar”, e dedica-se muito pouco a “como favorecer a aprendizagem”. Diante disso, um projeto nacional de educação integral sinaliza a necessidade de um projeto nacional de formação continuada. Ou seja, oferecer aos mais de 2 milhões de professores que já estão nas salas de aula, a oportunidade de aprimorarem suas práticas na direção da educação integral.

Por outro lado, é um desafio convidativo, afinal, professores e estudantes vivem uma mesma época na qual é necessário conciliar, por exemplo, as emoções com conhecimento intelectual e cultural, para respeitar e interagir com as diferenças existentes na escola, no mundo do trabalho, na sociedade como um todo.

A Educação Integral é um convite de participação: que tal discutirmos nas reuniões de familiares nas escolas e com as crianças e jovens em casa? A mudança das escolas depende de todos nós. Vamos?

*Este artigo foi originalmente publicado no portal da Rádio Itatiaia, na coluna fixa de Alcielle dos Santos. Alcielle é diretora de educação do Instituto iungo, doutora em Psicologia da Educação e mestre em Educação: Formação de Formadores.

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