O que são Valores Civilizatórios Afro-Brasileiros?

Curso gratuito e on-line apresenta conhecimentos, referências e práticas para um aprofundamento da perspectiva étnico-racial articulada com projetos de vida na formação dos estudantes

Considerando que o trabalho com projetos de vida na escola articulam-se com modos de viver e de se relacionar, será que pensar pela perspectiva étnico-racial os valores, princípios e práticas de diferentes grupos sociais pode promover novas possibilidades de atuação docente? Apresentamos hoje, no blog do iungo, uma das linhas de estudo presente na formação Cartografias: projetos de vida e Educação para as relações étnico-raciais: os Valores Civilizatórios Afro-brasileiros. Continue lendo!

Projetos de vida na escola

De acordo com a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) é importante que a formação dos estudantes leve em consideração seus percursos e histórias, permitindo que eles definam seus projetos de vida tanto no estudo quanto no trabalho e com escolhas de vida sustentáveis e éticas. O autoconhecimento, a consciência dos próprios interesses, de suas realidades, seus valores e seus sentimentos são processos fundamentais nesse percurso.

A historiadora Beatriz Nascimento, mulher negra com cabelo curto sorrindo.
Foto: literafro – UFMG

 

Fundamental também é a identificação dos valores da sociedade que se deseja transformar e construir. Os Valores Civilizatórios Afro-Brasileiros foram construídos ao longo do tempo a partir das contribuições de pesquisadores negros como a historiadora Beatriz Nascimento (1942-1995), que estudou os chamados “sistemas sociais alternativos organizados por pessoas negras”, investigando as formas de comunitarismo que perpassam desde as experiências quilombolas até as dinâmicas das favelas.

 

 

Foto: Acervo do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros e Indígenas do Colégio Dom Pedro II (Rio de Janeiro-RJ)

Na primeira metade dos anos 2000, os valores foram sistematizados e organizados pela educadora, pesquisadora e doutora em Comunicação e Cultura pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, Azoilda Loretto da Trindade (1957-2015). Ela os define como princípios, crenças, costumes e modos de viver e se relacionar que reúnem um conjunto de aspectos e características existenciais, espirituais, intelectuais e materiais, objetivas e subjetivas, que se constituíram e se constituem num processo histórico, social e cultural no contexto brasileiro. Esses valores propõem outra perspectiva de mundo, em que a diversidade e a multiplicidade que formam a humanidade se traduzem em valores pessoais e coletivos que evidenciam os modos de ser, pensar, sentir e agir herdados dos diferentes povos africanos.

 

Os dez Valores Civilizatórios Afro-Brasileiros

Os Valores Civilizatórios Afro-Brasileiros têm sido essenciais na construção da luta contra o racismo, bem como da identidade da comunidade negra e da busca por uma sociedade mais justa, inclusiva e igualitária. São eles:

Circularidade, religiosidade, corporeidade, musicalidade, cooperativismo/comunitarismo, ancestralidade, memória, ludicidade, energia vital/axé e oralidade.

Esse conjunto de valores enfatiza também o respeito à natureza e a promoção da sustentabilidade. 

Foto: A Cor da Cultura / Acervo Sueli Carneiro

Quer saber mais sobre os valores civilizatórios afro-brasileiros?

Em Mapa de Valores Civilizatórios Afro-Brasileiros | Acervo Sueli Carneiro, você encontra explicações sobre cada um deles.

Além dos valores civilizatórios, Azoilda Trindade tem em seu legado uma imensa contribuição para a disseminação e apoio à implementação da Lei 10.639, que estabeleceu a obrigatoriedade do ensino de conteúdos de História da África e dos negros no Brasil no currículo escolar brasileiro, com o projeto “A cor da cultura”.

 

 

 

 

Articulação com projetos de vida

Foto: arquivo pessoal

Para Adriana Costa, assessora pedagógica da Superintendência de Educação Profissional da Secretaria de Educação do Rio Grande do Sul (Seduc-RS), a identidade racial faz toda diferença nos projetos de vida, porque a partir do momento que o estudante se identifica, ele consegue desenvolver as habilidades e competências propostas. Os valores são, assim, linhas de pensamento, epistemes, que podem ser mobilizadas durante a prática docente. “A relevância desses valores é entender o que herdamos dos povos que vieram na migração transatlântica forçada durante o período colonial e que conectam África e Brasil”, afirma. A integração desse conhecimento na comunidade escolar pode, assim, auxiliar na compreensão das comunidades negras do país.

A entrevista completa de Adriana Costa sobre a relação entre os Valores Civilizatórios e projetos de vida pode ser ouvida na íntegra no curso Cartografias: projetos de vida e Educação para as relações étnico-raciais.

Nova formação gratuita

Se você é professor(a) da Educação Básica de qualquer área do conhecimento e busca articular perspectivas da Educação para as relações étnico-raciais e o trabalho com projetos de vida na escola, faça sua inscrição no curso on-line, gratuito e autoformativo, Cartografias: projetos de vida e Educação para as relações étnico-raciais, desenvolvido pelo Instituto iungo com correalização da Secretaria da Educação do Rio Grande do Sul.

Inscreva-se gratuitamente!!

Cartografias: projetos de vida e Educação para as relações étnico-raciais: nova formação gratuita

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Referências Bibliográficas

BRASIL. Ministério da Educação. Base nacional comum curricular. Brasília: MEC/SEB, 2018. Disponível em: http://basenacionalcomum.mec.gov.br 

TRINDADE, Azoilda Loretto da. Valores e Referências Afro-brasileiras. In: BRANDÃO, Ana Paula (org.). A cor da cultura: caderno de atividades, Saberes e Fazeres. v. 3. Rio de Janeiro: Fundação Roberto Marinho, 2006.

 

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