Um futuro para a humanidade

Cúpula do Futuro, realizada pelas Nações Unidas, em Nova Iorque, apontou os aspectos com os quais a humanidade precisa se preocupar. Mas é preciso transformar intenções em ações concretas.

Na última semana, estive na sede das Nações Unidas – ONU, em Nova Iorque, juntamente com o secretário de Estado de Educação do Pará, Rossieli Soares, e com o professor da USP, Ulisses Araujo. Participamos do evento intitulado Dias de Ação (Action Days) e da Cúpula do Futuro, em que foi aprovado o Pacto do Futuro, documento oficial que passa a ser adotado pelos países-membros da ONU, para que o mundo retome o caminho do desenvolvimento sustentável e da Agenda 2030. O documento é um caminho possível para enfrentar um conjunto de desafios que a humanidade vive na atualidade, como as profundas desigualdades e as questões climáticas.

A dimensão da ética no uso das novas tecnologias, como a inteligência artificial, mostrou-se como uma das grandes preocupações dos participantes do evento. Os problemas relacionados ao clima, que afetam negativamente tantos países, também. Por fim, destaque para a necessária busca pela paz no mundo.

Mas afinal, o que temos feito, na prática, para promover o desenvolvimento sustentável? Por um lado, não temos uma realidade a ser comemorada: segundo avaliação recente da própria ONU, cerca de 17% das metas relacionadas aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável – ODS foram alcançadas até aqui. Lembrando que restam apenas 6 anos para findar o prazo estipulado para o pleno alcance dos ODS. Estamos bem distantes, portanto. Por outro, muito conhecimento e práticas exitosas têm sido desenvolvidas em várias partes do mundo, que podem ser inspiradores para as ações que precisam ser implementadas a partir de agora.

Representantes do iungo e parceiros em evento da ONU
Paulo Andrade, presidente do iungo, Jefferson Meneses, Rossieli Soares e Ulisses Araújo na Conferência do Futuro, promovido pela ONU.

Uma dessas iniciativas, do campo da educação, é o programa Itinerários Amazônicos, que se propõe a levar as Amazônias para dentro das escolas da Amazônia Legal. Digo “Amazônias”, no plural, para destacar uma compreensão mais ampla e profunda desse território, que considera os aspectos ambientais, sociais, culturais, territoriais e econômicos. Mais do que ensinar conhecimentos aos estudantes, o programa os convoca a criar e implementar ações concretas em suas escolas e comunidades.

O Itinerários Amazônicos acontece a partir de um esforço conjunto entre secretarias de educação, organizações da sociedade civil e empresas. Na prática, um conjunto vasto de conteúdos para professores e alunos é disponibilizado gratuitamente, para ser trabalhado nas aulas de Matemática, Ciências da Natureza, Ciências Humanas e Linguagens, além de Projetos de Vida. Junto com o conteúdo, é realizado um trabalho continuado de formação de professores das escolas públicas de diversos estados brasileiros.

Lideranças de todo o mundo precisam se responsabilizar em promover legislação, políticas públicas e práticas sustentáveis, em seus âmbitos (governo, empresas, sociedade civil). Os adolescentes e jovens estão aprofundando seus conhecimentos, sendo desafiados a agir de modo sustentável no presente e a se preparar para liderar esse movimento no futuro. E você, o que pode fazer de diferente para contribuir com esse essencial compromisso com a humanidade?

Este texto foi publicado no portal da Itatiaia, na coluna quinzenal de Paulo Emílio Andrade. Paulo é presidente do Instituto iungo, organização sem fins lucrativos que tem o propósito de transformar, com os professores, a educação no Brasil. É mestre e doutor em educação, pesquisador do Núcleo de Novas Arquiteturas Pedagógicas da USP e professor da PUC Minas.

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