O dia 28 de abril marca a celebração da Educação. Essa data foi definida pela criação do documento da conferência de Dakar, Fórum Mundial da Educação, em 2000. O documento, cujo lema é “Educação para Todos”, é um compromisso coletivo dos países signatários da UNESCO (ONU) com objetivos e compromissos para o direito à educação de qualidade. O Brasil evoluiu significativamente em quase todos os pontos, a fim de alcançar os seis objetivos gerais do documento (leia todos aqui). No entanto, essa evolução ainda tem muitos passos a serem dados, com destaque para o compromisso “Melhorar o status, a autoestima e o profissionalismo dos professores”.
Se almejamos uma educação de qualidade para crianças e jovens, é preciso olhar para o professor. Para refletir sobre esse ponto tão importante, que trata diretamente da vida docente no Brasil, convidamos alguns educadores para compartilhar sua visão sobre a valorização da profissão. O Instituto iungo nasceu para apoiar e valorizar os professores e assim trazer um impacto relevante para a educação do país. Nesse contexto, não podemos deixar de fora da discussão a importância da formação e aprimoramento dos professores. Professor se desenvolve sempre!
Amanda Silveira, professora de Língua Portuguesa em Porto Alegre (RS), aponta as extensas horas de trabalho e a falta de tempo para formação continuada como um dos problemas. “Para melhorar o status, a autoestima e o profissionalismo dos professores é preciso viabilizar formação continuada em horários distintos do horário de descanso, além de uma visibilidade maior para a educação. Não é possível uma evolução social se não houver um olhar diferente para a educação e, com certeza, para o professor”, conclui.
Há 22 anos em sala de aula, a professora de Ciências e Biologia Cristiane Maria da Silva Viana reforça que investir na qualificação dos educadores é um dos caminhos para mudar esse cenário. “Formações e qualificações devem ser ofertadas por instituições e profissionais qualificados com coerência e objetividade para o atual cenário, a fim de auxiliar na adequação a esse novo paradigma educacional. Queremos ser mediadores do processo de aprendizagem, sendo o aluno o protagonista da sua prática. Uma ação conjunta e colaborativa é o que o mundo busca”, afirma a educadora da rede estadual de ensino em Porto Alegre (RS).
Por isso, as ações precisam abranger o cenário geral e extremamente complexo da educação, para além do dia a dia da sala de aula. “A aula é uma das partes do ato de ensinar, mas há também o planejamento, a reflexão sobre a ação, sobre o que foi feito, o que precisa ser melhorado. O professor é uma espécie de pesquisador; e se a gente carrega esse profissional apenas com aulas, as outras partes vão falhar. Então a gente precisa olhar para a docência como esse todo”, destaca Thalisson Andrade Mirabeau, professor de Física em Salvador (BA).
Um caminho complexo, mas importante
Melhorar a carreira do docente não é uma tarefa rápida. Como tudo na educação, envolve tempo, investimento, planejamento e ações efetivas. Os educadores, conscientes da complexidade desse processo, destacam que é preciso dar alguns passos básicos como, por exemplo, melhorar as condições de trabalho.
Para Thalisson, o reflexo do investimento na remuneração e condições de trabalho é uma adesão maior dos jovens à profissão de professor. “Socialmente, o professor já é bem visto, todo mundo tem uma admiração por algum professor. O professor já é reconhecido por muitas pessoas como uma profissão muito importante para sociedade. O que a gente precisa melhorar são as condições de salário e de trabalho. E, assim, a gente consegue atrair também os estudantes que têm um desempenho notável para fazerem a licenciatura”, reflete.
Dilson Marques, professor de Geografia em Manaus (AM), também traz a importância de olhar para a educação como um todo e, assim, melhorar a vida do professor. “Não teremos professores valorizados enquanto a educação como um todo não o for. Temos perspectivas de mudanças, sobretudo quando paramos para discutir com a sociedade – a exemplo da Conferência Nacional de Educação – a importância da valorização dos professores. Nesses espaços de diálogo, fica claro o desejo dos professores por uma escola diferente e por mais valorização. E a sociedade também reconhece que a educação constrói-se por diversas mãos e que o professor precisa verdadeiramente ser reconhecido e valorizado para que possa desempenhar com primor e zelo sua profissão”, pontua.
Neste Dia da Educação, professoras e professores lembram que, todos os dias, colocam o documento assinado há 23 anos em prática, lidando com avanços e vitórias, mas também com dificuldades. A colaboração entre os vários setores sociais é um eixo fundamental para que a educação de qualidade para todos seja muito mais do que um lema.
