por Alcielle dos Santos*
Como um professor começa uma aula ou inicia a apresentação de um tema? Uma forma bastante significativa, que tem a ver com a forma como costumo abrir minhas colunas, é partir de uma boa pergunta. Assim, lá vai: o que você aprendeu na escola sobre Amazônia? Que imagens vêm à sua cabeça quando faço essa pergunta?
Provavelmente, uma cena de floresta com árvores altas apareça para você, assim como a de pessoas de etnia indígena. A Amazônia brasileira compreende nove estados, no todo ou em parte de seus territórios, quase metade do país. Para além do Brasil, a Amazônia abrange parte da Bolívia, Colômbia, Equador, Guiana, Guiana Francesa, Peru, Suriname e Venezuela. Porém, compreender sua grandeza territorial ainda não nos permite compreendê-la no todo.
A Amazônia é floresta e também é meio urbano; é fonte de recursos, mas também de pesquisa nacional e internacional a partir da produção científica de universidades e centros de pesquisa. A Amazônia é natureza, vida, diferentes paisagens de culturas diversas, afinal muitas são as pessoas que a constituem – indígenas de centenas de etnias, quilombolas, ribeirinhos, povos das águas, da floresta, das cidades urbanizadas.
Olhar para Amazônia foi um convite da minha coluna que propôs educar para a sustentabilidade, algo que nos chama a também fazer parte, a nos sensibilizar para agir em sua defesa. Nesse sentido, o Instituto iungo, a iniciativa Uma Concertação pela Amazônia e o Instituto Reúna lançaram, em agosto de 2023, o programa Itinerários Amazônicos com o objetivo de que os jovens do nosso país aprendam a dizer Amazônias, no plural. Isso porque vão conhecer uma perspectiva complexa e sistêmica da Amazônia, nas suas dimensões territorial, ambiental, histórica, cultural, social e econômica.
Da mesma forma que para ler, uma criança precisa brincar e se encantar com “o que e porque ler”, escutar muitas histórias e poder reinventá-las do seu jeito, o programa Itinerários Amazônicos propõe o encantamento com obras de arte, textos científicos e poéticos, imagens de um território e de seus povos em propostas para sala de aula que partem da pesquisa e da discussão entre estudantes e professores.
O programa Itinerários Amazônicos oferece material pedagógico e formação continuada para professores, além de promover em momentos de planejamento com as redes de ensino da Amazônia Legal, reflexões sobre as questões desafiadoras para cada uma delas, que fazem parte da realidade dos estudantes e que ao serem pesquisadas, discutidas e aprofundadas, potencializam os conteúdos das ciências do conhecimento.
Podemos considerar esse processo como um “amazonizar-se para amazonizar o todo” – termo utilizado recentemente pela Secretária de Educação Básica do Ministério da Educação, Katia Schweickardt, como um compromisso a ser seguido por todas as redes de ensino brasileiras.
*Este artigo foi originalmente publicado no portal da Rádio Itatiaia, na coluna fixa de Alcielle dos Santos. Alcielle é diretora de educação do Instituto iungo, doutora em Psicologia da Educação e mestre em Educação: Formação de Formadores.