“O Itinerários Amazônicos contribui muito para a formação dos nossos jovens, para o despertar do aprender e do crescer”, afirma Maria de Jesus Bequiman Silva Santos, professora de Química em Dueré, Tocantins. Ela foi uma das convidadas do Conectando Professores – Edição Itinerários Amazônicos, realizada nos dias 26 e 27 de novembro. O encontro teve também a presença de educadores do Amazonas, Acre, Mato Grosso e Maranhão. O intuito foi valorizar a autoria docente e apresentar práticas pedagógicas desenvolvidas com apoio do programa Itinerários Amazônicos, valorizando a diversidade dos territórios e o aprendizado entre pares. Para assistir às gravações dos encontros, acesse aqui.
Encontros como esse mostram que apoiar o desenvolvimento profissional dos educadores também estimula práticas pedagógicas inovadoras, a exemplo do trabalho desenvolvido pela professora Maria. “Quando nós apresentamos as propostas da eletiva “As plantas também curam” para os estudantes, com a ideia de estabelecer uma relação com os conhecimentos que a comunidade já tinha, a turma ficou encantada. Lembro de ter perguntado o que eles gostariam de aprender e eles disseram que desejavam saber mais sobre as plantas locais. O programa Itinerários Amazônicos proporcionou a continuidade da pesquisa com os materiais pedagógicos disponibilizados, dessa vez como um projeto. E contribui muito para a formação dos nossos jovens, para o despertar do aprender e do crescer. Hoje, nós cultivamos uma horta de plantas medicinais, ainda em andamento, e a escola produz chás com as ervas desse canteiro. Ao longo do projeto, os estudantes desenvolveram chás, xaropes caseiros, inseticidas, velas, sempre pesquisando e apresentando na escola, primeiro para a turma; e depois numa exposição para toda a comunidade”, explica.
Outra participante do encontro foi Deyse Santos, professora de História no Amazonas. Ela compartilhou o projeto “Castelo na Maloca: Celebrando a cultura e resistência dos povos Indígenas na Amazônia”. Segundo a professora, “O projeto surgiu com o objetivo de aproximar a escola das etnias indígenas presentes no território e promover um espaço de diálogo e valorização da diversidade cultural. Foi inspirado no Itinerários Amazônicos, que permite integrar a riqueza amazônica ao currículo. Tivemos a presença de representantes indígenas, o que enriqueceu ainda mais a proposta. Essa troca de experiências foi fundamental para que os estudantes compreendessem que a cultura indígena não está dissociada da nossa escola, pelo contrário, ela é uma parte integral da nossa comunidade. Assim como a maloca é um espaço de acolhimento e socialização nas culturas indígenas, a nossa escola, Castelo, também pode ser um espaço de integração cultural”, diz.
No segundo dia, os participantes puderam conhecer e dialogar com o professor de Educação Física, Lucas Lima, de Acrelândia, Acre. Há pouco mais de dois anos em sala de aula, Lucas participou da formação do programa Itinerários Amazônicos. “Os materiais do IAM trouxeram temáticas importantes para nós, professores e alunos. Atuo em uma escola agrícola e os temas casaram com a realidade dos estudantes, que têm essa vivência com a terra, com o cultivo. Entre as atividades, fizemos imagens com drones de geoglifos (estruturas de terra escavadas no solo e formadas por valetas e muretas que representam figuras geométricas), eles montaram uma empresa de adubo orgânico e apresentaram os processos na escola. Também trabalhamos com os sistemas agroflorestais, cultivando plantas nativas da Amazônia.”
A professora de Biologia Gracieli Silva Henicka de Alta Floresta, Mato Grosso, relatou que se sentiu representada quando se aprofundou nos materiais do Itinerários Amazônicos. A partir do programa, montou o projeto “Agrofloresta na escola”. “O intuito foi sair da sala de aula e explorar outras formas de construir o conhecimento. Fizemos um sistema agroflorestal sintrópico (que prioriza o manejo sustentável, com o máximo de reaproveitamento do terreno e a valorização de espécies nativas, imitando processos de uma floresta nativa biodiversa). Junto com outro professor, convidamos onze turmas no total, somando mais de trezentos alunos do Ensino Médio. Fizemos uma reflexão sobre o que eles entendiam sobre agrofloresta, o que sabiam do tema. Montamos uma composteira, uma criação de coelhos-do-mato e cultivamos plantas medicinais”, comenta.
O dia também contou com a apresentação do projeto “A crise climática atual e como mitigar os efeitos nocivos causados pelas práticas predatórias das gerações anteriores”, do professor de inglês Genival Gomes. O contato com o Itinerários Amazônicos se desdobrou em atividades em grupo entre os alunos, que percorreram a cidade em que vivem e registraram questões que afetam o meio ambiente de Caxias, no Maranhão. “Os alunos fizeram um documentário para conscientizar a comunidade escolar e toda a sociedade sobre os impactos da poluição, das queimadas, do desmatamento; além da importância da reciclagem”, destacou o professor.
O Conectando Professores – edição Itinerários Amazônicos foi mediado pelas formadoras do iungo, Marisa Balthasar, doutora em Letras, Léa dos Santos Camargos, mestre em Geografia Humana e Shana Aline Perin Siita, professora de Química e especialista em Projetos de Vida.
O programa Itinerários Amazônicos é uma realização conjunta do Instituto iungo, da rede Uma Concertação pela Amazônia e do Instituto Reúna, em parceria e com investimentos do BNDES, Fundo de Sustentabilidade Hydro, Instituto Arapyaú, Movimento Bem Maior e patrocínio da Vale.