Na última quinta-feira (20/06), o Instituto iungo recebeu o filósofo e educador colombiano Bernardo Toro para uma conversa sobre desenvolvimento profissional de educadores. O encontro foi mediado pelo presidente do iungo, Paulo Emílio Andrade e pela diretora de educação do Instituto, Alcielle dos Santos. Considerado um dos maiores expoentes da educação da América Latina, Toro também é graduado em Física e Matemática, mestre em Investigação e Tecnologias Educacionais e decano acadêmico da Pontificia Universidad Javeriana de Bogotá. A trajetória profissional inclui o trabalho como assessor dos Ministérios da Educação e Comunicações da Colômbia, Brasil e México. É autor dos livros “A construção do público: cidadania, democracia e participação”, “Mobilização Social: um modo de construir a democracia e a participação” e “O sentido da educação”, obra que foi autografada aos presentes no bate-papo.
Mas, o que é ser um bom professor, afinal? Esse foi o tema chave do encontro e uma pergunta fundamental na pesquisa de doutorado de Paulo Andrade, que ouviu mais de 280 professores de todo o Brasil. Para os entrevistados, características como ser um professor ético e engajado são importantes. Bernardo Toro complementa sobre incluir a motivação e o método na profissão docente e a criação de rotinas bem estruturadas. “Como fazer com que o aluno aprenda o que precisa ser aprendido e aprenda sobre a felicidade? É preciso criar um ambiente seguro. Daí a relevância da rotina, um conjunto de passos que produzem uma solução prevista. A rotina é fundamental na educação. Rotinas são importantes para criar condições de os alunos aprenderem”, afirma o educador.
O filósofo reflete sobre a educação como algo não natural. “Por que existe a educação? Porque o conhecimento não é algo natural ao ser humano. É necessário orientação, planejamento. Os professores organizam as diversas partes do conhecimento para o aprendizado. Os educadores são profissionais estratégicos de um país”, comenta.
Toro também falou sobre o conceito de cuidar, quando pensamos a sociedade e a educação. Segundo o educador, professores reproduzem o sistema em que foram formados. Por isso, o trabalho entre pares é essencial desde a formação inicial e ao longo do desenvolvimento profissional docente. Assim, a ideia de trabalhar colaborativamente é passada para os estudantes e gera uma vivência mais democrática, promovendo a convivência com as diferenças, o desenvolvimento da habilidade de negociar e um aprendizado mais significativo. “Temos que cuidar das instituições e do sistema de educação. Nós, latino-americanos, não estamos cuidando das instituições públicas.”
“Se queremos ter uma educação de qualidade, temos que compreender o sistema de educação pública do país. As instituições públicas são as que nos permitem desenhar futuros, esperanças.”
De acordo com Paulo Andrade, a admiração pela trajetória de Bernardo Toro teve início na adolescência, quando teve contato com as obras do educador. Anos mais tarde, ele revisitou as ideias do filósofo na graduação. “É uma referência na área de educação, que tanto nos ensina sobre a escola, sobre a docência, sobre como pensar as várias dimensões da educação. É um prazer tê-lo aqui no iungo, dialogando conosco”, afirma o presidente do iungo.
Instituto MRV
O bate-papo com Bernardo Toro teve a presença de Maria Fernanda Menin, diretora do Instituto MRV e presidente do conselho deliberativo do iungo, Raphael Lafetá, diretor de Relações Institucionais e Sustentabilidade da MRV e diretor geral do Instituto MRV, e Blenda Alves, gestora do Instituto MRV. O evento contou também com a participação da equipe iungo e profissionais da Secretaria de Educação do Estado de Minas Gerais.