Celebrar o meio ambiente

Em tempos de emergências climáticas, todos os dias já são do meio ambiente. Nós é que não paramos para pensar sobre isso

Chuva em BH fecha vias, inunda ruas, causa enxurradas e deixa carros ´boiando’”; “Cidades mineiras convivem com o risco de falta de água”; “Mudanças climáticas e desmatamento contribuem para aumento de dengue, diz estudo”. Estas três manchetes são deste ano de 2024 e certamente geram confusão para a maior parte da população, que nunca teve aulas de Educação Ambiental. Afinal, por que chove tanto em alguns lugares, com inundações e aumento de doenças, e em outros, é preciso viver com falta de água?

Como explicar incêndios em uma floresta úmida como a Amazônica e tanta chuva no outro extremo do país, no estado do Rio Grande do Sul? E mais: o que são rios voadores e massas de ar quente e o que isso explica sobre o que está acontecendo em nosso país, além de impactar todo o planeta?

São muitas as perguntas que vemos serem explicadas com mapas interativos nas previsões do tempo na TV. Assim como durante a pandemia foi preciso entender o que eram ondas de transmissão do vírus, mais uma vez, a realidade exige que a gente compreenda coisas que não estudamos. Mais difícil ainda é consumir menos, reaproveitar objetos, separar o lixo ou gastar menos água e energia elétrica, sem compreender a importância de tudo isso para o meio ambiente.

Por esse motivo, defendi em texto anterior desta coluna que é preciso mais do que educar para conhecer o meio ambiente. As mudanças climáticas nos convocam a educar para a sustentabilidade.

Diante desse cenário, o Instituto iungo tem hoje o programa Itinerários Amazônicos, realizado juntamente com a Uma Concertação pela Amazônia e o Instituto Reúna. Uma iniciativa com reconhecimento internacional que disponibiliza, gratuitamente, materiais pedagógicos e formação continuada para professores, desenvolvidos por uma equipe de 120 pessoas, sendo a maioria do território amazônico. Sem dúvida, levar a Amazônia para as salas de aula brasileiras é investir em uma formação que dialoga com as necessidades do presente, frente à mudança climática.

Os desafios são muitos e complexos, mas é preciso ter coragem e avançar. Em reunião recente em que participei, com a presença de professores como eu, empresários, ambientalistas, jornalistas e outros profissionais, a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima (Sim! o ministério mudou de nome e carrega esta preocupação) Marina Silva indicou que hoje temos três tarefas como nação:

  1. Esforços para diminuição dos problemas ambientais, como o desmatamento na floresta Amazônica;
  2. Redução das emissões de carbono, com investimento em alternativas como o hidrogênio verde*. Embora seja uma produção de custo elevado, o hidrogênio verde é uma fonte de energia limpa, vista como alternativa para muitos países, principalmente com a guerra na Ucrânia e a crise energética na Europa;
  3. Mudança no modelo de desenvolvimento brasileiro.

A última mudança certamente é a mais difícil, pois exigirá planejamento, pesquisa em boas soluções e investimento naquelas que já existem como a agroecologia e a energia solar. Porém, as duas primeiras envolvem todos nós diretamente, pois incluem o consumo consciente, o plantio de árvores, o esforço para a preservação dos rios e das matas, as caronas solidárias, o uso de transporte público ou bicicletas, sempre que possível, além do pensamento permanente de que somos parte do meio ambiente.

Fica o convite para que no Dia Mundial do Meio Ambiente  celebremos a rica diversidade do nosso planeta com rios, oceanos, florestas, animais, alimentos e outros  mais… Para que a Terra possa ser uma casa para todos nós vivermos em harmonia.

*O hidrogênio verde (H2V) é obtido com a separação de hidrogênio e oxigênio da água, por meio de corrente elétrica. É um processo que deve ser feito com fontes renováveis (a eólica, por exemplo). Considerado combustível do futuro, o hidrogênio verde pode ser um caminho para descarbonizar emissores de poluentes, entre eles, o transporte de carga, transporte marítimo e aviação. Fonte: https://www.portaldaindustria.com.br/industria-de-a-z/hidrogenio-verde/

*Este artigo foi originalmente publicado no portal da Rádio Itatiaia, na coluna fixa de Alcielle dos Santos. Alcielle é diretora de educação do Instituto iungo, doutora em Psicologia da Educação e mestre em Educação: Formação de Formadores.

Conteúdo Relacionado

[user_registration_my_account]