Casa iungo

Fachada modernista da Casa iungo – 2020. Foto: Instituto iungo
 

A Casa iungo é especial por muitos motivos. Tombada como patrimônio histórico de Belo Horizonte e adquirida por nossos mantenedores em 2018, a construção modernista de 260 m2 data de 1957 e foi projetada pelo arquiteto Luiz Pinto Coelho, que assina também outros conjuntos arquitetônicos emblemáticos da capital, como o Edifício Acaiaca.

Assinatura de Luiz Pinto Coelho na planta original do imóvel (1955) – Foto: Instituto iungo
Edifício Acaiaca – Foto: Charles Torres para Portal Belo Horizonte

Localizada no bairro Cidade Jardim, em frente ao Museu Histórico Abílio Barreto e à sede da Fazenda do Córrego do Leitão (1883), remanescente do antigo Arraial do Curral del Rei, foi residência de “um médico com coração de botânico” e sua família, como nos contou uma de suas filhas. E o endereço não poderia ser mais apropriado para o exuberante jardim cultivado pelo antigo proprietário com espécies atlânticas e amazônicas.

Antiga sede da Fazenda do Leitão – Museu Histórico Abílio Barreto. Foto: Instituto iungo
Jardim da Casa iungo com espécies como Pau Mulato e Pau Ferro – Foto: Instituto iungo

A esse jardim frontal, demos o nome de uma personalidade da educação que muito nos inspira, Alaíde Lisboa, assim como às nossas salas internas: Antonio Carlos Gomes da Costa, Fayga Ostrower e Lúcia Casasanta. A área posterior da casa abriga um gazebo, batizado como Espaço Darcy Ribeiro, e também um mural da artista Prisca Paes criado especialmente para o iungo, retratando educadores e estudantes, que são a nossa principal razão de existir.

Várias histórias e sonhos passaram por aqui. Hoje, a Casa iungo é o cenário para o desenvolvimento profissional de milhares de educadores, a formação de comunidades de aprendizagem e onde estamos fazendo história na educação brasileira.

Linha do tempo

1943  Fundação do Museu da Cidade, hoje Museu Histórico Abílio Barreto, na sede da antiga Fazenda do Leitão (1883), remanescente do Curral Del Rey.

1948  Criação do bairro Cidade Jardim pela prefeitura de Juscelino Kubitschek.

1949 – 1953  Construção dos colégios Loyola, São Paulo e da Faculdade de Odontologia da UFMG no bairro Cidade Jardim.

1954  Aquisição do lote pelo médico Domingos Pérez e sua esposa Maria Vera para a construção de sua residência.

1955  Desenvolvimento do projeto por Luiz Pinto Coelho, responsável também pelo icônico Edifício Acaiaca.

1957  Inauguração da casa da família Pérez.

1958  Abertura da Rua Josafá Belo pelo proprietário e vizinhos. Início do cultivo do jardim da casa pelo próprio Dr. Domingos, com mudas de espécies atlânticas e amazônicas, cedidas pelo Jardim Botânico de Belo Horizonte, hoje Horto Florestal.

1961  Lançamento da pedra fundamental da Paróquia Santo Inácio de Loyola.

1970 – 1971  Canalização do Córrego do Leitão para a construção da Avenida Prudente de Morais.

2001  Mudança da família Pérez.

2002 – 2017  Funcionamento na casa de uma clínica de estética e, posteriormente, de um antiquário.

2013  Processo de tombamento do imóvel como patrimônio histórico de Belo Horizonte.

2018  Aquisição do imóvel pela família Menin, onde passou a funcionar o Banco Inter.

2020  Casa cedida para a instalação do Instituto iungo.

Curiosidades

  • No primeiro projeto da construção de Belo Horizonte, sob responsabilidade de Aarão Reis, a Avenida do Contorno passaria exatamente aonde fica a Casa iungo. O trajeto da avenida foi mudado pois, no local, havia um pântano que dificultava as obras de urbanização.
  • Todo o mármore usado na construção da casa, comprado na marmoraria Lunardi, foi transportado no Dodge do Dr. Domingos, que o fazia para economizar com o transporte do material que, à época, era muito caro.
  • A família de Domingos e Maria Vera Pérez mudou-se para a casa em novembro de 1957, com suas 4 filhas: Andrea, Juliana, Izabel e Vera.
  • A abertura da Rua Josafá Belo foi feita em obra particular pelo Dr. Domingos e por seu único vizinho à época, proprietário do conhecido magazine Inglesa-Levi. Sua casa, de esquina, futuramente veio a ser o Nacional Clube e hoje também é tombada e pertence à família Menin.
  • Onde hoje é a Avenida Prudente de Morais, corria livremente o Córrego do Leitão, que só foi canalizado no início da década de 1970 para a construção da Avenida.
  • O Dr. Domingos, como diz sua filha Juliana, era um “médico com o coração de botânico”, pois tinha vasto conhecimento sobre plantas, sabendo de cor o seu nome científico. Ele foi um grande entusiasta do plantio de árvores no bairro Cidade Jardim, além de ter cultivado o exuberante jardim de sua casa com espécies das floras atlântica e amazônica. As mudas eram cedidas por um grande amigo que trabalhava no Horto Florestal, na época “Jardim Botânico de Belo Horizonte”.
  • Havia na porte posterior da casa uma horta e um galinheiro. A família Pérez chegou a comercializar ovos.
  • A casa já teve ao fundo uma piscina, construída no início da década de 1980 e aterrada por seu primeiro inquilino – um médico que instalou aqui a sua clínica de cirurgia plástica – após a mudança da família Pérez em 2001. A piscina foi reativada pela inquilina que veio posteriormente e novamente aterrada quando a casa foi adquirida e reformada pelo Banco Inter.
  • O gazebo ao fundo da casa, hoje espaço Darcy Ribeiro, foi construído pela segunda inquilina, proprietária do antiquário que funcionou no endereço até 2017.
  • O mágico caso da jabuticabeira: a árvore veio transplantada, já adulta, da casa do irmão de Maria Vera, na Rua Gonçalves Dias, Bairro Santo Agostinho. A residência seria demolida para a construção de um prédio e a planta foi salva pelo apaixonado Domingos. Por uma grande coincidência, a casa de onde veio a árvore era a do avô do Presidente do iungo, Paulo Andrade, sobrinho neto de Maria Vera e Domingos, que mesmo tendo instalado nesta casa o instituto por ele idealizado, desconhecia até então a ligação do imóvel com sua família.
  • O que viria a ser a futura Avenida Prudente de Morais, foi cenário de uma grande comemoração da vitória da seleção brasileira na copa de 1958, que reuniu os poucos moradores da região, ainda pouco habitada. O enorme flamboyant da praça do MHAB foi plantado pelo Dr. Domingos.

Agradecimento: a Juliana Pérez, antiga moradora, pela generosidade de nos permitir conhecer todas essas histórias.